Nicholas Merlone
Há uma nova crise global financeira possível no horizonte, mas
improvável.
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Considerando o cenário externo favorável, a exemplo da
reforma tributária aprovada pelo presidente americano Donald Trump, o
Brasil tem chances de progredir em 2018, em que pese alguns fatores.
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Temos uma combinação de fatores importante. O Produto Interno Bruto
(PIB) tem alta, o desemprego, a inflação e a taxa de juros têm queda.
Vale dizer que a taxa de juros está mais baixa em comparação com o
patamar histórico, atingindo 7%, podendo cair ainda mais em 2018.
Isso certamente influencia o crédito e o consumo, o que movimenta a economia.
Além disso, o governo atual realizou medidas relevantes, apesar de
sua crise moral. Tais como corte de gastos, ajuste fiscal e reformas
necessárias. A Reforma Trabalhista já em vigor trouxe alterações
importantes nas relações de trabalho, permitindo que mais pessoas
pudessem ser contratadas pelo regime do direito do trabalho, recebendo a
proteção legislativa necessária. Por outro lado, a Reforma
Previdenciária ainda caminha incerta. Na verdade, não foi aprovada agora
em 2017 e, dificilmente, será aprovada em 2018, ano de eleições. Ainda
quanto a reformas, a Tributária urge e deve ocorrer para simplificar e
desburocratizar as relações empresariais com o Estado. Apesar de tudo, a
reforma trabalhista foi aprovada e a da Previdência, embora com
obstáculos, é bem conduzida pelo Presidente Temer, que vai poder talvez
surpreender e aprová-la o quanto antes.
Eleições 2018? Há o consenso de que as incertezas políticas quanto às
Eleições do ano que vem, poderão impactar o cenário econômico do País.
Acredito, no entanto, que independente de extremos ou indefinições
políticas, o presidente eleito deve deixar de lado o populismo e agir
como estadista com medidas reformistas mesmo que desagrade o povo. Deve
governar para o bem do Estado brasileiro e não para interesses pessoais
ou particulares.
Nesse sentido, apesar de muitos não verem Lula com bons olhos, e ele
ainda talvez ser condenado no Tribunal Regional Federal da 4ª. Região
(TRF-4) impossibilitando sua candidatura, não o defendo, mas acredito
não teria problemas caso se elegesse, haja vista que quando foi
presidente nomeou Henrique Meirelles para presidente do Banco Central,
fazendo uma boa política econômica. Caso possa se candidatar, dessa vez,
deverá focar seu discurso na classe média. Setor social que
negligenciou no passado. Na realidade, o ex-presidente não precisa focar
em discurso moral. O povo tem a boa lembrança de tempos melhores na
economia, o que, com certeza, lhe angaria votos.
Nesse cenário, pode ocorrer um melhor desenvolvimento econômico, com
respeito ao Meio ambiente. Ferramentas tecnológicas (como a
Ecoagricultura e a inteligência competitiva) têm sido aplicadas ao
agronegócio com sucesso, aumentando os lucros e a produção, sem
prejuízos ambientais.
Igualmente, há a Indústria 4.0, que também traz inovação, tecnologia e automação, impulsionando o crescimento industrial.
Enquanto isso, o Varejo e os serviços têm alta. Aos poucos, os
consumidores e empresários retomam a confiança e exercem seus papéis.
Vale frisar aqui o caráter indispensável do ser humano para certas
funções, de modo que, por mais que ocorra a automação (agronegócio,
indústria e serviços), sempre haverá tarefas que somente os seres
humanos poderão desenvolver.
Neste ponto, vamos tratar um pouco sobre o Mercado Financeiro. Os
Bancos têm tido desempenho favorável na Bolsa de Valores, bem como esta
última tem tido sucessivas altas, fechando o ano em alta. Na realidade,
com o surgimento das Fintechs (Start Ups financeiras) e todas as
inovações que surgem, como pagamentos via aplicativos e smartphones,
muito se fala realmente sobre inovações.
Porém, é preciso ter em mente
que é preciso conciliar a vanguarda e a tradição com a capacidade
transformadora. Embora se fale em bancos virtuais, o atendimento olho a
olho, com a experiência pessoal, é fundamental nas relações entre
instituições financeiras e clientes.
Quanto aos Bitcoins, desconhece-se seu real criador. Trata-se de
moeda virtual sem regulação por um órgão central, mas por um mecanismo
chamado Blockchain. A moeda virtual acredito que se trata de inovação
que veio para ficar, mas como já disse antes, primeiro acredito que
devido a suas valorizações exorbitantes, poderá virar uma Bolha, assim
como as empresas de tecnologia de Internet no passado. A mídia expôs as
moedas virtuais em evidência. Muitos investidores migraram para o setor,
sonhando com dinheiro fácil. A queda poderá em alguns casos ser brusca.
Em que pese isso, já há bolsas de valores pelo mundo que transacionam
essas moedas, bem como corretoras de valores específicas sobre o tema.
Podemos comparar o Bitcoin com o Orkut e o Uber. Anos atrás, o Orkut
firmou na sociedade global o conceito de redes sociais, abrindo caminho,
por exemplo, para o próprio Facebook. O Uber, hoje, com problemas,
abriu terreno para outros aplicativos de transporte mais melhorados, com
serviços melhores. Assim, o Bitcoin firmou a ideia da moeda virtual,
podendo igualmente pavimentar caminhos para outras moedas virtuais que
já existem.
No que se refere aos investimentos, em geral, temos que o importante
aí é não botar o dinheiro da feira e do leite nos investimentos. Deve-se
diversificar as opções de investimentos. Ainda na Bolsa de Valores
diversificar a carteira de ações. É certo que ouvimos alguns dizendo que
fulano perdeu muito dinheiro, como fazendas inteiras, por causa da
Bolsa de Valores. Ora, não se deve colocar todo o dinheiro em uma só
cesta ou aplicação. Deve-se separar montante específico para tanto.
Além disso, há perfis de investidores. Para traçar sua estratégia nos
investimentos, é preciso conhecer seu perfil (Conservador, Moderado,
Agressivo). A partir daí, traçar caminhos para os investimentos, sempre
diversificados.
Tem ocorrido também grandes negócios com Start Ups, Venture Builders,
Fintechs, HRtechs, enfim, a mídia vem divulgando inúmeros casos de
sucesso nessas áreas. Mas, me pergunto o que acontece com todos os
outros casos que não dão certo, que fracassam. Em que pese isso, há
diversas formas de buscar financiamentos e mentorias no setor, tais como
investidores anjos, crowdfunding, incubadoras etc.
Diante disso, o Empreendedorismo de fato é uma saída da crise para o
sucesso profissional. É preciso inovar com criatividade e originalidade,
com os pés no chão, haja vista as incertezas que cercam o cenário
econômico. Para tanto, é preciso se informar e buscar apoio como no
Sebrae, Associações Comerciais, ONGs e outros. Nessa direção, micro
empreendedores podem trilhar seus caminhos e obter êxitos em seus
negócios, usufruindo de tributação simplificada e menos burocracia, com
acesso a investimentos.
Em todo esse cenário, é preciso, por fim, uma agenda progressista no
campo dos direitos civis. Mulheres, Deficientes, Homossexuais e Negros
devem ser valorizados, sendo protegidos contra abusos e preconceitos.
Como exemplo, as mulheres ainda hoje sofrem assédio no trabalho e ganham
menos do que os homens. Os deficientes têm dificuldades de locomoção e
acessibilidade. Os homossexuais sofrem violências verbal e física. Os
negros sofrem racismo e preconceitos. Enfim, são parcelas da sociedade
que merecem atenção, respeito e compreensão.
Finalmente, o cenário é sim incerto. Mas não é tão desesperador. Há
boas chances de impulsionar o crescimento e valorizar o capital humano
em prol do desenvolvimento sustentável da economia, com os olhos
voltados para o bem da sociedade no horizonte que se extende.
S. Paulo, 30 de dezembro, 2017.
Nicholas Merlone
www.nicholasmerlone.com.br
nicholas.merlone@gmail.com