ATUALIZADO | Nova Crise Econômica Global no Horizonte? 2008, again?!

ATUALIZADO - 02/12/2017

Sinais dos Tempos

No início deste mês de novembro, o G-77 (criado em 1964, hoje com 134 países) e a China expuseram um alarme a respeito da necessidade de reformar o Sistema Financeiro Internacional. Seria necessária a implementação de rígida regulação, para atenuar e desincentivar a especulação.

Homem, Mulher, Empresários, Economia
Pixabay

Grandes Bancos, assim, ignoram regulação, a moeda não vai para a economia real e, portanto, uma nova edição da Crise de 2008 acende a luz vermelha.

Nesse cenário, o grupo solicita a reformulação do modelo de governança do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Ainda nesse cenário, os Estados Unidos e as outras potências sempre se colocaram contra tal medida.

O grupo teme que a prevalência do Sistema Financeiro Mundial com a mesma estrutura de 2008 acarrete nova crise econômica mundial. (Acerca do tema, recomendo documentário Inside Job, ou Trabalho Interno)

O Brasil não desempenha papel de destaque nessa dinâmica. Porém, não se trata de opinião isolada do grupo. Não. Economistas, Pensadores, Autoridades e Banqueiros têm se manifestado sobre o assunto.

Como exemplo...

“A crise financeira de 2008 deu um grande impulso às instituições que estabelecem as normas globais de regulação do sistema financeiro. Agora, entretanto, há sinais perigosos de que o compromisso de fortalecer os padrões globais – na verdade, quaisquer padrões – pode estar em declínio”, expôs Howard Davies, presidente do Royal Bank of Scotland.Com efeito, ocorre a desilusão das tentativas de vincular o Sistema Financeiro às necessidades de desenvolvimento das economias nacionais no pós-2008.

A regulação precária do Sistema ampliou os péssimos resultados da relevante medida para combater a crise. Veja... A utilização da política monetária para reimpulsionar os preços dos ativos por meio da grande oferta de dinheiro pelos bancos na conhecida política de taxas de juro próximas de zero.
  
A compreensão da ligação entre o Sistema Financeiro e o conjunto da economia permite, principalmente, concluir, prevista anos atrás também por economistas brasileiros conhecidos por desenvolvimentistas, que “a finança se tornou a força dominante na conformação da economia global."  (último relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento - Unctad -, divulgado em setembro de 2017) 

"Desigualdade, endividamento habitacional, investimentos insuficientes e estagnação da recuperação econômica são as consequências da supremacia das grandes instituições financeiras e corporativas na configuração da globalização”, examina Richard Kozul-Wright, diretor da Divisão de Estratégias de Globalização e Desenvolvimento da Unctad.  

A crise ainda não acabou

Em 2008, empresas do ramo imobiliário, seguradoras e bancos faliram em cascata. O Estado prontamente interveio injetando capital maciço nas organizações.

10 anos depois...

"À primeira vista, temos hoje uma situação mais estável no setor financeiro", avalia Herbert Hans Grüntker, presidente do banco estadual Helaba e da Federação dos Bancos Públicos da Alemanha (VÖB). "Se ela também parece mais estável à segunda e terceira vista, é duvidoso, como mostra uma olhada nos países do sul, nas últimas semanas."

Na Itália e na Espanha, o Governo intervém na economia auxiliando os bancos e situação financeira é instável, respectivamente.

Burocracia Elevada

No panorama, mantém-se em aberto o tempo que o trâmite vai levar. Os bancos da Europa sofrem com a política de juros baixos do Banco Central Europeu (BCE). Além disso, a economia do continente se arrasta. Ao menos hoje os bancos se encontram melhor regulados – mesmo que a um custo burocrático elevado.

Não é hora para desregulação

Com certeza, o momento não é para desregulação do sistema. Todavia, o Presidente norte-americano, Donald Trump, sinaliza para isso.

Como a crise global abalou a reputação dos economistas

Vários economistas e teóricos, ao longo dos anos, se permitiram opinar sobre cenários econômicos, enganando-se feio com suas previsões. Muitos acerca da mão invisível do mercado e seu funcionamento eficiente sem intervenção estatal na economia. Outros, conhecidos como malditos, por sua vez, lançaram as bases para a real compreensão do mercado. Exemplo destes, Keynes. Keynes já sinalizava para a necessária intervenção no domínio econômico. E ZAZ! Em 2008, olhando para trás, basta nos lembrarmos da intervenção estatal no mercado financeiro. 

Economia e Política Juntas: Uma Necessidade

Atualmente, não se pode mais separar a Economia da Política, para a compreensão do fenômeno global. Teoria e Prática devem caminhar juntas. Não desvinculadas. Nesse sentido: “O progresso da globalização depende de duas forças: a tecnologia, que facilita as viagens e as comunicações, e a política, que sustenta um mundo aberto”, observa Sebastian Mallaby, em artigo da revista Finance & Development, do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Nessa direção, a desregulação financeira proposta por Donald Trump é temerária.

Gatilhos para Nova Crise

Analistas indicam dois possíveis gatilhos de uma nova crise financeira em vista. Primeiro, um crash da economia chinesa, muito endividada – com que países de todo o mundo vêm firmando relações crescentes. Segundo, uma crise possível originada por inadimplência nos empréstimos de estudantes nos Estados Unidos.

Com razão, além disso, a política monetária norte-americana vem emitindo moeda a rodo para o povo. Aliado a isso, a taxa de juros do FED (Banco Central Norte-Americano) vem mantendo baixo patamar, o que favorece o crédito fácil e o consumo crescente. Nesse prisma, ainda, os mercados de imóveis e de automóveis tornam-se potenciais bolhas.

Na verdade, o mundo ainda não se recuperou por completo da crise de 2008.

Novo Presidente do Federal Reserve (FED - Banco Central Norte - Americano)

Jerome Powell foi escolhido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para liderar o FED. Defendeu a necessidade de atenuar de fato a regulação no setor financeiro. Disse a um painel do Senado Federal que, após anos da criação de novas regras, era o momento de realizar uma pausa e examinar o que se fez.

Powell disse que não se manifestaria com relação às políticas fiscais (arrecadação e gastos). Além disso, sinalizou para o possível aumento da taxa de juros num futuro próximo. Por outro lado, frisou que combateria com rigor eventual crise econômica, em prol do desenvolvimento econômico e prosperidade da nação.

Questão da China

Não custa frisar. A elevada dívida do País pode aumentar o risco de uma crise financeira. Há a estimativa de que a dívida irá atingir 327% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2022. O dobro do nível em 2008. Isso coloca a China entre os países mais devedores do Globo.

Próxima Crise Global : Não Wall Street?! Sim, Vale do Silício...

Há uma outra visão, de que a próxima crise global não ocorreria em Wall Street, mas, sim, no Vale do Silício. Todavia, discordamos em parte disso. Infelizmente, para pior. Acreditamos que a próxima crise vai poder ocorrer tanto em Wall Street como no Vale do Silício. A primeira, já pelos motivos expostos. A segunda, porque as startups e fintechs, embora revolucionem o cenário econômico, são menores e, portanto, mais sujeitas às crises, diferente de grandes empresas. Além disso, é difícil monitorá-las, controlando suas atividades. Com razão, é possível que ocorra uma bolha no setor. Apesar de inovador, pode sofrer abalos. Para tentar minimizar os riscos, já há iniciativas pelo mundo na tentativa de regulá-las.Finalmente, é preciso atenção com as fintechs. Na realidade, o mercado financeiro e as iniciativas inovadoras das fintechs merecem cautela.

Terra à Vista?

O endividamento das empresas hoje está maior do que na época do início da crise financeira, em 2008. Na realidade, o cenário é incerto. Não se sabe com certeza se afetará ou não as forças econômicas. Como dizem, contudo, se trata de um cenário interessante e tortuoso.

Falando em Bitcoins...

A moeda virtual, conhecida como Bitcoin, surgiu há relativamente pouco tempo. Não se sabe ao certo quem é o seu criador. Além disso, em tese, alguns de seus fins seriam questionáveis. Apesar de que algumas empresas sólidas venham apostando nela. Houve, recentemente, em curto espaço de tempo mesmo, uma grande valorização da moeda, seguida de grande desvalorização. Vale frisar que o setor não é regulado e, por isso, mais sujeito a variações de humor do mercado. Uma boa? Ainda é cedo para dizer. Vejamos os próximos passos... que dirão se poderá influenciar ou não alguma crise no futuro.

Quadro Brasileiro

Nesse cenário nublado, como o Brasil pode pintar seu quadro a cores e atenuar, senão evitar prejuízos?

No terceiro trimestre de 2017, o PIB brasileiro cresceu 0,1%. Os juros baixos e o crédito estimularam o consumo, o que levou o setor de comércio a contratar mais funcionários, caindo levemente o desemprego (embora ainda haja 12,7 milhões de desempregados) e, no entanto, aumentando o endividamento das famílias e empresas. Igualmente, as indústrias também verificaram crescimento nesse período. Não obstante isso, a balança comercial brasileira teve saldo comercial do Brasil em 2017 melhor em 29 anos. As exportações superaram as importações, crescendo 4,1% no terceiro trimestre, em detrimento ao segundo. Depois de 4 anos, o PIB demonstra investimentos positivos. Para 2018, o Banco Central e o seu Boletim Focus estimam crescimento no Brasil de 2,5%. Enquanto isso... OCDE diz que a economia brasileira deve crescer 1,9% em 2018. Há, portanto, de fato sinais de melhora na economia brasileira. Todavia, podemos nos perguntar se isso seria suficiente para não nos afetarmos em uma possível crise no horizonte. Certeza não há. Mas, a seguir, algumas observações que podem senão evitar, ao menos, atenuar os impactos.


O Sistema Financeiro Nacional Brasileiro, assim, se compõe:

- Conselho Monetário Nacional (CMI) | Firmar diretrizes e normas gerais para todo o sistema;
- Banco Central (Bacen) | Firmar e executar emissão de moedas, determinar taxas de juros, de câmbio etc;
- Comissão de Valores Mobiliários (CVM) | Fiscalização e controle do Sistema Financeiro;
- Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES | Financiamento da atividade econômica com escopo social;
- Bancos Comerciais, de Investimentos e Desenvolvimentos, Bolsas de Valores etc.

07 Vacinas a tomar...

1 - Administração Estratégica (Olhos no Passado, Pés no Presente, Foco no Futuro)
2 - Governança Corporativa (Saudável);
3 - Compliance (Efetivo, não p/ "inglês ver!");
4 - Informação (Clara e Transparente);
5 - Consumidor Consciente;
6 - Prestador de Serviços Responsável;
7 - Diálogo e Cooperação entre Órgãos c/ Olhos nos Cenários Macro e Micro.

Nessa moldura, no que se refere às relações entre Instituições Financeiras e Clientes:

1) As instituições financeiras devem primar pela transparência e simplicidade;
2) Os Bancos e organizações do mercado devem estreitar seus laços com os clientes;
3) Os clientes necessitam de maior autonomia, sem, no entanto, deixarem de lado o contato próximo com o Banco;
4) Os clientes estão cada vez mais conscientes de sua vida financeira. É preciso lhes tratar com sabedoria;
5) Os clientes, apesar de rever seus valores voltados à inovação, no fundo, não se esquecem da tradição;
6) Diante disso, os serviços financeiros devem ser reinventados, em prol dos clientes.

Fora isso...

Não custa lembrar: A Regulação do Sistema Financeiro Global torna-se Não Só Necessária como Imprescindível.

Referências

Carlos Drummond. O risco de uma nova crise financeira. Carta Capital. 08/11/2017.

Luiz Gonzaga Belluzzo. Como a crise global abalou a reputação dos economistas. Carta Capital. 06/03/2017.

Delfim Netto. A desregulação proposta por Trump é perigosa. Carta Capital. 22/03/2017.

DW. O que pode causar uma nova crise financeira? Carta Capital. 16/08/2017.


Peverelli; Feniks; Milaré. Reinventando os Serviços Financeiros. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012 - Adaptado.

Mercado de capitais. Comissão Nacional de Bolsas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

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